Autismo: das causas aos sinais e o tratamento

As informações a seguir não servem para diagnosticar ou tratar e não devem substituir consultas com um profissional de saúde qualificado e/ou terapeuta comportamental.

Da primeira preocupação à ação, vejamos o assunto por etapas.

O QUE É AUTISMO?

O autismo é uma condição de desenvolvimento. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes síndromes marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente:

  • Dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos;
  • Dificuldade de socialização;
  • Padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

O QUE É ESPECTRO?

Espectro (spectrum) porque envolve situações e apresentações muito diferentes umas das outras, numa gradação que vai das mais leves a mais grave.

SINTOMAS

O momento e a gravidade dos primeiros sintomas do autismo podem variar muito. Algumas crianças com autismo mostram sinais de problemas futuros nos primeiros meses de vida. Em outros, os sintomas podem não se tornar óbvios até 24 meses ou mais tarde. Algumas crianças com autismo parecem desenvolver-se normalmente até cerca de 18 a 24 meses de idade e depois deixam de ganhar novas habilidades e/ou começam a perder habilidades.

Possíveis sinais de autismo em bebês e crianças:

  • Aos 6 meses, sem sorrisos sociais ou outras expressões calorosas e alegres dirigidas a pessoas;
  • Aos 6 meses, contato visual limitado ou ausente;
  • Aos 9 meses, não há compartilhamento de sons vocais, sorrisos ou outras comunicações não verbais;
  • Aos 12 meses, nenhum balbucio;
  • Por 12 meses, nenhum uso de gestos para se comunicar (por exemplo, apontando, atingindo, acenando etc.);
  • Aos 12 meses, nenhuma resposta ao nome quando chamado;
  • Aos 16 meses, sem palavras;
  • Aos 24 meses, sem frases significativas de duas palavras;
  • Qualquer perda de qualquer discurso adquirido anteriormente (até o balbuciar) ou a perda de outras habilidades sociais.

Possíveis sinais de autismo em qualquer idade:

  • Evita contato visual e prefere ficar sozinho;
  • Luta para entender os sentimentos de outras pessoas;
  • Permanece não verbal ou atrasou o desenvolvimento da linguagem;
  • Repete palavras ou frases repetidamente (ecolalia);
  • Fica chateado por pequenas mudanças na rotina ou nos arredores;
  • Tem interesses altamente restritos;
  • Executa comportamentos repetitivos, como bater, balançar ou girar;
  • Tem reações incomuns e frequentemente intensas a sons, cheiros, sabores, texturas, luzes e/ou cores.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é clínico. Ou seja, é feito por meio dos históricos familiares e escolares sobre o COMPORTAMENTO! Baseia-se nos sinais e sintomas e leva em conta os critérios estabelecidos pelo DSM–IV (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) e pela CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS). Um diagnóstico de TEA é baseado na gama de características que seu filho está mostrando.

Para a maioria das crianças:

  • Serão necessárias informações do seu médico de família, da creche ou da escola, além de fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, sobre o desenvolvimento, a saúde e o comportamento do seu filho;
  • Um fonoaudiólogo e, muitas vezes, terapeuta ocupacional, farão uma avaliação;
  • Será necessário realizar um exame físico detalhado para descartar possíveis causas físicas dos sintomas do seu filho;
  • A avaliação incluirá uma verificação de quaisquer condições de saúde física coexistentes e outros problemas de saúde mental.

Uma vez que este processo esteja completo, um diagnóstico de TEA pode ser confirmado. A qualidade de vida de muitas crianças e adultos pode ser significativamente melhorada por meio de um diagnóstico precoce e com o tratamento adequado de evidências.

O QUE CAUSA O AUTISMO?

Uma das perguntas mais comuns feitas após um diagnóstico de autismo é o que causou o distúrbio. Sabemos que não existe uma causa de autismo. Pesquisas sugerem que o autismo se desenvolve a partir de uma combinação de influências genéticas e não genéticas, ou ambientais.

Essas influências parecem aumentar o risco de uma criança desenvolver autismo. No entanto, é importante ter em mente que risco aumentado não é o mesmo que causa. Por exemplo, algumas alterações genéticas associadas ao autismo também podem ser encontradas em pessoas que não têm o distúrbio. Da mesma forma, nem todos expostos a um fator de risco ambiental para o autismo desenvolverão o distúrbio. Na verdade, a maioria não vai.

  • Fatores de risco genético do autismo

As pesquisas nos dizem que alterações em determinados genes aumentam o risco de uma criança desenvolver autismo. Se um pai carrega uma ou mais dessas alterações genéticas, elas podem ser passadas para uma criança (mesmo que o pai não tenha autismo). Outras vezes, essas mudanças genéticas surgem espontaneamente em um embrião inicial ou no espermatozoide ou no óvulo que se combinam para criar o embrião. Mais uma vez, a maioria dessas alterações genéticas não causam autismo por si mesmas. Elas simplesmente aumentam o risco para o distúrbio.

  • Fatores de risco ambiental do autismo

As pesquisas também mostram que certas influências ambientais podem aumentar mais – ou reduzir – o risco de autismo em pessoas geneticamente predispostas ao distúrbio. É importante ressaltar que o aumento ou a diminuição do risco parece ser pequeno para qualquer um desses fatores: stress, infecções, exposição a substâncias químicas tóxicas, complicações durante a gravidez e desequilíbrios metabólicos podem levar ao desenvolvimento do autismo. Dentro dos fatores ambientais, pesquisadores detectaram uma maior importância para o risco de TEA dos fatores ambientais individuais, que incluem algumas complicações durante o nascimento, infecções maternas ou a medicação que se recebe antes e após o nascimento, diante dos fatores ambientais partilhados pelos familiares, como o fator genético, por exemplo.

CAUSAS

A equipe de especialistas fará uma avaliação mais aprofundada, que deverá ser iniciada dentro de três meses após o encaminhamento. Se você for encaminhado para um especialista individual, eles podem ser:

  • Psicólogo – um profissional de saúde com um diploma de psicologia, além de treinamento e qualificações adicionais em psicologia;
  • Psiquiatra – um médico qualificado com treinamento adicional em psiquiatria;
  • Pediatra – um médico especializado no tratamento de crianças;
  • Fonoaudiólogo – especialista em reconhecer e tratar problemas de comunicação.

Algumas autoridades locais de saúde utilizam equipes multidisciplinares, uma combinação de especialistas que trabalham juntos para fazer uma avaliação.

TRATAMENTO

Cada criança ou adulto com autismo é único. Tratamentos e apoios que funcionam para um podem não funcionar para outro. Como resultado, o plano de tratamento de cada pessoa deve seguir uma avaliação completa dos pontos fortes e também dos desafios.

Dependendo de suas necessidades, as crianças que têm autismo podem receber uma ampla gama de terapias. Normalmente, eles incluem uma combinação de terapia comportamental, terapia fonoaudiológica, terapia ocupacional, treinamento de habilidades sociais e, às vezes, terapia de alimentação. Além disso, os pais podem receber treinamento sobre como trabalhar com seus filhos em casa. Idealmente, pais, professores e terapeutas trabalharão juntos para integrar suas abordagens no dia a dia da criança.

Terapias comportamentais são a base do tratamento para a maioria das crianças no espectro do autismo. Quando as terapias comportamentais não são suficientes para coibir comportamentos prejudiciais, a família pode querer discutir outras opções, como acrescentar medicação, junto ao médico de seu filho. É crucial que essa discussão – e a decisão altamente pessoal resultante – inclua a consideração de benefícios equilibrados com os efeitos colaterais.

As terapias descritas acima têm o apoio de pesquisas mostrando sua eficácia para pessoas que têm autismo. Como psicopedagoga, sempre incentivo os pais a buscarem tratamentos baseados em evidências.

Flávia Valadares – Neurocientista e Psicopedagoga da Escola PraticaMente

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